04/09/08

eras novo ainda

mal sabia reconhecer os teus próprios erros

e o uso violento que de noite eu fazia deles

esta cama de minerais acesos

escrevo para despertar a fera de sol pelo corpo

escorrem aves de cuspo para a adolescência da boca

e junto ao mar existe ainda aquele lugar perdido

onde a memória te imobilizou

enumero as casas abandonadas ao sangue dos répteis

surpreendo-te quando me surpreendes

pela janela espio a paisagem destruída

e o coração triste dos pássaros treme

quando escrevo mar

o mar todo entra pela janela

onde debruço a noite do rosto tocado...me despeço

Al Berto

1 comentário:

Anónimo disse...

Apresentação da Noite


...

- é noite dolorosamente noite
nos ossos guardamos a essência do voo e na pele a solidão de muitos caminhos
uma estrada mais nítida tatuou-se-nos na memória

- incrustaram-se nas pálpebras da noite brancas imagens de insónia
reparem
nestas folhas de papel atiradas ao vento
estes rostos carcomidos pela humidade do desejo
este túneis-labirintos de espelhos
esta fuga sempre recomeçada pelos alicerces calcários da cidade

- resta-nos adormecer onde eclode a borboleta
e balbuciar dentro do sonho as palavras que nunca ousaremos dizer

...

AL BERTO






zeca