Cheguei ao cabeleireiro com a sensação de que iria encontrar o estabelecimento fechado e que mais uma vez não iria cortar o cabelo quando desejava.
E disse-lhe, que estava contente por não ter ido embora. Ainda o apanhei.
Ele: Ido embora, como?
Eu: Ir embora de férias.Para qualquer lado de viagem, como é habitual. Digo a sorrir.
Ele: É que voce adivinhou. Vou embora mesmo. De viagem.
Fui apanhada de surpresa.
E ele continua.Vou embora para o Brasil.Porto Alegre.
Senti um calafrio e perguntei: Está a brincar?
Ele: Não estou não. Estou muito bem. Sempre acreditei que devemos ir embora quando estamos bem. Quando os negócios correm mal estamos desorientados e arrastamos má sorte. Apetece-me voltar para o meu país. Sou mais respeitado, principalmente porque vivi na Europa. Posso dizer o que penso sem que olhem para mim com desconfiança.
Nunca pensei ficar tão desorientada.
Pergunto:E agora?Onde vou cortar o cabelo do "jeitinho" que eu gosto?
Sorriu. Desejei-lhe tudo de bom. Ele merece. E por tudo o que ganhei enquanto cortava o meu cabelo: momentos de boa disposição, atendimento personalizado, musica disco aos berros, conversas sobre tudo e nada. Obrigada Sérgio.
Cortou-me o cabelo pela última vez. Estive tentada a dizer: Corte o cabelo muito curto para custar a crescer.
E agora?
Nunca mais corto o cabelo.
E agora?
Nunca mais corto o cabelo.
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